REFLETINDO...

O homem é o centro da criação.

30 de março de 2012

GESTÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: ESTRUTURAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E SEUS IMPACTOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA.

O processo de gestão na educação superior bem como sua estruturação no Brasil vem sendo discutido em ampla escala pelo fato de estarmos vivenciando novas mudanças sociais que têm desencadeado uma série de desafios a todos os aspectos da vida. O objetivo maior ainda é analisar os impactos na formação acadêmica, tendo vista que os fatores econômicos e sociais especificamente acabam exigindo novas perspectivas para o desenvolvimento do mercado.
Por essa razão, buscou-se compreender a partir dos mecanismos históricos a configuração do sistema educacional para que se compreenda o papel da universidade e suas responsabilidades com a sociedade em que está inserida para operar as transformações que a mesma necessita.
O aumento significativo das instituições acaba por facilitar o aumento de vagas, mas acarreta por outro lado fortes tendências para uma má formação se não posto fortes indicadores de qualidade da educação superior nacional. Deve-se verificar todo o sistema e interpretar que ao longo da história do país, o conhecimento constitui-se na ferramenta principal da transformação da qualidade de vida e do desenvolvimento social.
O presente trabalho se estrutura em quatro tópicos que se destinam a descrever a história do ensino a fim de compreender as ideologias presente no momento da implantação do ensino superior, e também a acompanhar a expansão universitária, fato que acompanhou o crescimento populacional e a redescoberta do país em pleno século XX. Discutiu-se também a atual organização do sistema educacional e suas tendências frente aos desafios que a pós-modernidade proporciona a sociedade, e, por fim verificar como a gestão das IES atua sobre o processo de ensinoaprendizagem; atendendo assim todo o desejo imposto pela sociedade em busca de melhoras na qualidade de vida.

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
“A educação sozinha não transforma a sociedade; sem ela tampouco a sociedade muda”
Paulo Freire
Que poder é exercido pela educação na história de um povo? A educação carrega em si a força que prepara o indivíduo para os desafios da vida em sociedade. Em contextos gerais, a identidade educacional brasileira se forma no domínio colonial no Brasil que a princípio subordinou tanto os nativos quanto os negros africanos transformando – os em objetos de satisfação produtiva para a burguesia mercantil portuguesa. A movimentação política na colônia procurava ininterruptamente atender os comandos da metrópole. Para isso, o regime adotado lançava mão dos recursos da escravidão para servir-se de forma cruenta da dignidade humana.
No que se refere ao processo educacional, pode se afirmar que, servia de conveniência aos interesses dessa camada e que exercia o poder de articulação entre a colônia e a metrópole.
Segundo Aranha (1989), no primeiro plano educacional elaborado por padre Manoel da Nóbrega:
Nota-se a intenção de catequizar e instruir os indígenas, como determinava os “regimentos”. Percebe-se, também, a necessidade de incluir os filhos dos colonos, uma vez que, naquele instante, eram os jesuítas os únicos educadores de profissão que contavam com significativo apoio real da colônia.
Percebe-se nas palavras do autor a influencia da ideologia do Estado sobre o sistema educacional. Uma vez que outorga mesmo nas sociedades democráticas, determinações que nem sempre são condizentes com o princípio de liberdade, que cremos ser um dos principais pilares da educação, como a ferramenta que moldam os seres humanos ensinando-os nas práticas inerentes ao seu viver.
Os colégios jesuíticos caracterizavam-se como instrumento ativo de formação da elite colonial. Afinal, a educação, pode ser, em determinados contextos, uma serviçal do poder, ou ser transformada em instrumento de tal interesse do Estado ou a quem mais interessar. Os indígenas eram apenas catequizados.
Contribuindo para essa reflexão Xavier (1994, p. 41) afirma que:
A tarefa educativa dos jesuítas era basicamente aculturar e converter ignorantes e ingênuos, como os nativos, e criar uma atmosfera civilizada e religiosa para os degredados e aventureiros que para aqui viessem. Isso constituía uma empreitada que exigia muita criatividade no que diz respeito aos métodos de ação, considerada a heterogeneidade da clientela que tinham diante de si.
Verifica-se que a ideologia educacional pode, entre tantas portas sociais, ser usada como recurso de poder; sendo usado pelo estado como forma de atingir seus desígnios na sociedade por ele representada.
Desde seus primórdios aos dias atuais, o ensino superior brasileiro sofreu diversas transformações até configurar-se em um sistema mais sólido e democrático. O surgimento das primeiras experiências ocorreu três séculos após a chegada dos colonizadores. Conforme Morosini (2005) a criação de cursos superiores no país ocorreu somente com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, no início do século XIX, em 1808 especificamente. Freire (1993) nos informa que com o estabelecimento da Corte Portuguesa, no Rio de Janeiro em 1808, houve uma preocupação com o ensino imediato e profissionalizante com o objetivo de preparar o pessoal para atender aos novos quinze mil habitantes da nova sede do Reino.
É bom registrar que duas tendências marcantes caracterizavam esse período: cursos isolados – não universitário – e uma preocupação voltada totalmente para o aspecto profissionalizante. Fortemente influenciado pelo modelo francês, o ensino superior brasileiro não superou a orientação clássica, pois prevaleceu a desvinculação entre teoria e prática. Fato este ainda hoje questionado pelo sistema de avaliação do país. Os principais cursos eram voltados para a medicina, engenharia, direito, agricultura e artes.

A EDUCAÇÃO SUPERIOR PÓS-REPÚBLICA
Após 67 anos de monarquia, o Brasil inaugurou sua república debaixo de clima de fracasso político em 15 de novembro de 1889. Desse período até meados do século XX, a educação caminhou a passos lentos. Verifica-se um movimento vazio, sem demonstração de avanço.
Historicamente, foi a partir da década de 1930, em plena modernização do Brasil, que surgiram variadas propostas de revolução da educação e ensino. Entre elas, se buscava aprimorar o direito à educação e o dever do Estado em oferecer tal recurso. Entre tantas reformas oriundas desse período, destacam-se os movimentos referendados pela ABE (associação brasileira de educadores), criada em 1924. A semana da arte moderna (SAM) movimento intelectual ocorrido no teatro municipal de São Paulo de 11 a 18 de fevereiro de 1922, e a fundação do Partido Comunista em 25 de março de 1922. Vale ressaltar que esses movimentos revelavam nas suas ideias o desejo de desenvolvimento intelectual buscando equiparar o modelo brasileiro àquele predominante na Europa.
Outro movimento que marcou profundamente foi o manifesto dos pioneiros da educação nova em 1932; movimento formado por 26 educadores que defendeu o comportamento das instituições de ensino, que na prática devia portar-se com laicidade, oferecendo ensino gratuito e obrigatório. Com essa ideia fundamentava a denúncia de que a forma como a educação se desdobrava no seu processo não atendia as expectativas para o desenvolvimento. Na sua prática central, propunha novas habilidades pedagógicas, uma reformulação de ensino superior que necessitava com nível de urgência de uma racionalização científica. Esse movimento contribuiu fortemente para a criação da Universidade de São Paulo (USP), em 25 de janeiro de 1934.
Voltando-se para o ensino superior, o movimento detectou que para chegar ao pleno objetivo da universidade, era preciso transformá-la na principal fonte de investigação científica. Dessa forma, todo indivíduo se tornará um divulgador e um contínuo investigador de causas e efeitos dos problemas da modernidade.
Todas as defesas convergiam para uma renovação do sistema educacional que até então era ainda regido pelas determinações da constituição federal de 1891. Umas das primeiras medidas que modificou diretamente o ensino superior foi o decreto nº 11.530 de 18/3/1915, mais conhecido por “Reforma Carlos Maximiliano”, suas principais resoluções atestavam à manutenção do vestibular e o controle federal sobre o sistema. Conclui-se que todas essas pequenas mutações relacionavam diretamente ao processo de ensino. Ressaltamos ainda que ele “representou o meio-termo quanto à interferência do Estado nos assuntos de instrução e instituindo a autonomia relativa, a nova lei reintroduz a tarefa disciplinadora e aperfeiçoadora do governo Federal na instrução secundária do país” (NAGLE, 1976, p. 145)
No que diz respeito ao desenvolvimento e ampliação do sistema nacional só verá resultados mais concretos a partir da fusão da Escola Politécnica e a Faculdade de medicina que originou a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1920.
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 4.024/1961, amplia-se as responsabilidades do Estado com a educação pública. Essa responsabilidade se estendia a estabelecimentos sustentados por municípios, estados, iniciativa privada para comprar, construir ou reformar prédios e ou fornecer outros subsídios inerentes a educação. Em um trecho da lei, no (Art.6º) se lê: “o ministério da Educação e do Desporto exerce as atribuições do poder público federal em matéria de educação, formular e avaliar a política nacional da educação, zelar pela qualidade do ensino e velar pelo cumprimento das leis que o regem”.

EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO SÉCULO XX.
Como o surgimento das primeiras universidades plenamente brasileiras só se deu na década de 1920, data próxima das comemorações do primeiro centenário, é importante considerar que o cenário político, caminhava para fortes embates na economia nacional frente ao cenário mundial.
O processo de industrialização desencadeado nas décadas de 1960 e 1970 acabou fomentando a concentração urbana e com isso percebeu-se a má qualificação de mão-de-obra. Isso culminou na exigência de algo que o governo não poderia dá: aumento significativo de vagas nas universidades para qualificar e formar novos profissionais. Dessa forma o conselho federal de educação requereu a aprovação de vários novos cursos e a mudança no processo de avaliação para o ingresso em cursos superiores, ou seja, o vestibular regula a entrada a universidade. Analisando a situação, pergunta-se: e o direito de acesso ao ensino público?
Uma significativa mudança constatada nesse período foi à pressão que forçou a mudança no que diz respeito nos cursos, a nomeação de diretores de unidades, pois a mesma passa a ser dividida e funcionar em vários departamentos, facilitando assim, o deslocamento do conhecimento e a melhor distribuição de recursos.
A reforma estabeleceu-se sob a Lei nº 5.540, de 28 de dezembro de 1968, aprovado pelo Congresso Nacional no governo militar do presidente Costa e Silva. Tendo como alvo a fixação de normas de organização e funcionamento do ensino superior. A lei, concebida dentro do acordo MEC-USAID que precedeu o AI5.
Dentro dessa lei foi instaurado o decreto nº 464/1969, que garantia a “eficiência, modernização e flexibilidade” no âmbito administrativo das instituições, assim sendo, buscava-se elevar o nível de desenvolvimento cultural e intelectual para favorecer o processo de desenvolvimento das indústrias espalhadas pelo país. As prerrogativas legais apontavam para o requerimento de profissional da educação voltado totalmente para as suas atividades, obedecendo, em plenitude as determinações dos poderes regentes da educação.
Para MARTINS (2009) dos resultados visualizados das recorrências oriundas dessa lei, afirma-se que na íntegra ela visou fundamentalmente a modernização e expansão das instituições publicas, destacadamente das universidades federais. Fazendo surgir o “novo” ensino superior.
Até aqui fica claro que todo o processo educacional se desenvolve buscando atender todo um processo social, que ideologicamente cobra um modelo de educação capaz de satisfazer essas exigências, por essa razão, evidencia-se diferentes pensamentos a respeito que o homem representa para determinados momentos da história.
Ao pensar a educação no Brasil é impossível nosso pensamento não procurar compreender o tríplice princípio: ensino, pesquisa e extensão. Interpreta-se que o ensino precisa voltar-se propositalmente para a fundamentação do processo de aprendizagem; a pesquisa volta-se tanto para a ampliação do saber quanto para contribuir com o acompanhamento das mudanças inevitáveis a todo processo no decorrer do tempo; e a extensão a conexão entre a instituição e a sociedade que é por legitimidade a grande privilegiada pela produção dos conhecimentos.

A CONJUNTURA UNIVERSITÁRIA NOS SÉCULOS XX E XXI
O século passado nos deixou uma herança, que se reformula a cada dia em um desafio. O momento histórico atual exige que as IES mantenham um [re] pensar constante, pois a sociedade lança sobre elas a responsabilidade de buscar respostas para os entraves que as transformações do mundo digital encarrega sobre os indivíduos em todos os aspectos. Elas tornam-se o alvo direto, pois as mudanças ocorridas no âmbito político, sócio-cultural e econômico encaminham para a educação o peso de desenvolver toda a sociedade, transformando-a em ferramenta preparada para desenvolver com competência toda sua prática profissional. Todo esse processo é desencadeado a partir do surgimento da modernidade na Europa nos séculos XVIII e XIX.
Os fatores políticos, sócio-cultural e econômico formam uma cadeia sempre vinculada a uma intencionalidade. O projeto mercadológico atual exige que os profissionais desenvolvam habilidades e competências amplas, com isso, ocorre uma interação e ao mesmo tempo uma fusão de processos que desencadeiam na satisfação do pleno objetivo do capitalismo, aumentando o desempenho no mercado e a lucratividade com mais rapidez e menos investimento. É importante registrar as palavras de Zoccoli (2009, p. 18): Essa compreensão é essencial, pois afeta de maneira direta a forma de trabalhar para a reconstrução do saber no fazer pedagógico, processo que deve ter sua ação pautada na coletividade em todos os níveis [...].
Para a autora, relacionar esses fatos diretamente com as IES, é perceber que predomina uma cobrança automática de todo um processo que deve sobrevir internamente e abrangendo todos os setores da instituição. Na prática, isso se revela na atuação e na responsabilidade que todos os profissionais (de baixo ao alto escalão) precisam responder com habilidade e muita competência sua função no decorrer de todo o processo.
O sistema universitário brasileiro se configura conforme abaixo:
Essa forma do Estado gerenciar o sistema é comprovadamente que o objetivo maior é tentar alcançar o indivíduo dentro das expectativas que o mercado de trabalho exige, pois cada instituição se voltará exclusivamente para preparar e trabalhará com uma grade curricular onde serão focalizadas as áreas de conhecimentos de forma clara e objetiva.
Todas as modificações sociais pelas quais o Brasil passou, criou um cenário educacional onde a presença do professor assume uma postura ampla no âmbito da instituição. Evidencia-se o surgimento de novos atores educacionais e a proliferação de instituições de mais variadas espécies, compondo um quadro bastante heterogêneo e com complexidades profundas.
Considera – se que os maiores desafios da universidade hoje ainda se pressupõem ser a colocação da população por meio de vagas e a qualidade do ensino oferecido. Ainda se enfrenta as questões em oferecimento de vagas, a administração das entidades e o aperfeiçoamento do professor, fato que acaba refletindo na formação acadêmica de um modo geral.

GESTÃO DEMOCRÁTICA E A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Segundo o Dicionário Aurélio, gestão significa “o ato de gerir, da gerência, da administração de algo“. Gerir, por sua vez, deriva do latim gerere, que significa “trazer, produzir, criar, executar, administrar“. Administrar significa “dirigir qualquer instituição, reger com autoridade suprema, governar, ou manter sob controle um grupo, uma situação, a fim de obter o melhor resultado”.
Para Rosa (2005) administrar “significa principalmente trabalhar com pessoas”.
Para esse autor, o gestor é alguém dotado da capacidade de conduzir as ideias do grupo, dessa forma, agirá com prudência antes de tomar a decisão final e outorgar poder de atuação aos membros da equipe para que a operação seja bem realizada. É importante registrar que terá de ser bastante atencioso no que diz respeito a permitir que sua relação com o grupo (relação pessoal) interfira no profissional.
Em se tratando de instituição de ensino superior, é colocado que a mesma é constituída em:
Empresa especializada – a exemplo de qualquer outra, que precisa ter um comportamento padrão, que seja reconhecido pelo seu público atual e potencial. Justamente por isso é que existem normas internas a serem seguidas, aprovadas pela direção, às quais todos devem estar subordinados (Rosa, 2005, p 47).
Fica definido que todo o grupo deve trabalhar deliberadamente para atender tanto a qualidade, pois isso será fator determinante do sucesso da instituição, com isso, cobra-se um ajuste entre o professor, método, a didática e prática pedagógica. Toda essa organização deve acontecer para que o público seja satisfeito em sala de aula e com isso gere, adquira e processe mais conhecimento.
Segundo a análise de (PARO, 2000, p. 7), considera-se que a:
“administração democrática [...] é portadora de uma especificamente que a diferencia da administração especificamente capitalista, cujo objetivo é o lucro, mesmo em prejuízo da realização humana implícita no ato educativo. Se administrar é utilizar racionalmente os recursos para a realização de fins pedagógicos na forma de alcançá-los”.
O autor considera de forma veemente que a gestão democrática se constitui em algo utópico na sociedade de hoje, a razão básica é que há um grupo hierárquico que atua no interior da instituição fazendo prevalecer um conjunto de interesses provenientes de circunstâncias diversas e de amplo alcance para os objetivos e a missão da mesma. Sendo um modelo de gestão deliberado pelo próprio grupo de funcionários, ou outorgado pelo poder maior.
Analisando o atual contexto de expansão da universidade brasileira, questiona-se: Como avaliar o crescimento gigantesco do número de Instituições de Ensino Superior no Brasil nas últimas décadas?
As políticas de expansão da educação superior sofreram uma enorme aceleração nos últimos 10 anos. Entre as mais concretas expansões destacamos o crescimento do setor privado, e é bem verdade que elas têm impulsionado a procura por formação de uma forma como nunca visto.
De acordo com o Censo da Educação Superior, divulgado na Revista Ensino Superior, o número de Instituição de ensino superior cresceu 152% no Brasil, em um período de 9 anos, entre 1997 e 2006, sendo 193% o crescimento das privadas. De acordo com o mesmo Censo, no Brasil existem 2.270 IES, sendo 2.022 privadas e 248 Públicas. Em termos de números de alunos, correspondem a 4.676.646 alunos entre IES públicas e IES privadas, o que representa um aumento de 140% no período de 10 anos. Em 1994, o Brasil contava 1,6 milhões de estudantes universitários, hoje, em 2011, 5 milhões, dados fornecidos pelo INEP
Porém, é necessário verificar a situação - além estudos e pesquisas; é importante realizar reflexões desencadeando também uma avalanche de propostas sobre a gestão adequada à demanda apresentada, implementando uma análise profunda sobre a dinâmica dos mecanismos dessa evolução e sua influência no desenvolvimento educacional do país.
Para FLEURY e FLEURY (2001), qualquer profissional da educação precisa ser enquadrado dentro de requisitos que facilitem sua participação no processo de ensinoaprendizagem. Entre tantas competências, ele destaca: O agir compreendendo a capacidade de aplicação dos conhecimentos para interferir no contexto; precisará ter capacidade de se comunicar para compartilhar significados; deverá ser aberto a novos conhecimentos e compreendê-los; tendo aptidão de engajar-se, tornando-se um sujeito ativo nas suas tarefas; assumir responsabilidade com foco no bem comum e ter visão estratégica de todos os aspectos da instituição.
Tratando-se do funcionamento da instituição, o planejamento se define como o grande propulsor das atividades científicas. Entende-se que o planejamento precisa envolver as ações provendo objetivos claros, e flexíveis para que se molde aos contextos imediatos. Historicamente, o homem primitivo imaginou como poderia agir para vencer os obstáculos que se interpunham na sua vida diária.
Para Martinez e Oliveira, apud Menegolla e Sant’Ana, planejamento é: “um processo de previsão das necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos disponíveis, a fim de alcançar objetivo concretos, em prazos determinados e em etapas definidas, a partir do conhecimento e avaliação científica da situação original”
Todo tipo de planejamento é envolto por alguns conceitos. O planejamento decorre em várias etapas até que se chegue a uma sequência lógica; sendo que todas as etapas são constituídas por normas, métodos e técnicas específicas.
O bom gestor se caracteriza por alguns quesitos importantes. Para os autores citados, ele precisa ser habilitado a: 1) prever necessidades; 2) Racionalização dos meios e recursos humanos e materiais; 3) visa alcançar os objetivos em prazos e etapas definidas. Na prática, o funcionamento se da pelo ver e pensar no que é necessário para realizar algo tomando como base a realidade. Enfocando-se no presente e tendo assim a previsão de futuras necessidades.
Para racionalizar, deve-se ter proposição ou colocações bem definidas. É saber usar com sabedoria a razão para poder efetivar uma real previsão das condições institucionais.
Essas afirmações se embasam no pensamento de que a “a educação, como processo de reconstrução do homem em todas as suas dimensões, pessoais, sociais, culturais e históricas, realiza-se no mundo dos homens, promovendo uma ação de desequilíbrio perante a realidade da natureza do homem, pois o homem, agindo ou interferindo no processo evolutivo da natureza, é capaz de provocar a ruptura necessária para mudar a própria direção dos fenômenos determinísticos (Menegolla & Sant’Ana, 2003, p. 22).
É importante que o gestor tenha uma visão de um planejamento que leve em consideração o contexto humano; nessa direção Freire afirma que o homem traz em si imperfeições e a constante busca de querer ser mais. Assim, como lutar pra manter ou criar novas esperanças. Mediante suas tomadas de decisões decide sair ou viver pela visão fatalista do real. Viver com esperança é nutrir-se de um impulso vivo de otimismo radicado na consciência de ser, com outros homens, inconcluso, portanto, em busca permanente: “Não é possível buscar sem esperança; nem, tampouco, na solidão” (FREIRE, 1995, p. 87).
Todas as proposições do planejamento precisa se voltar para a autonomia humana. Desenvolvendo a capacidade de viver com hábitos que não são determinados pela natureza, por exemplo: os diferentes modos de alimentar-se. Na perspectiva da educação, liberdade está plenamente ligada à determinação das escolhas com base nos seus direitos e nas possibilidades.
Para haver um planejamento eficiente é necessário a observação do contexto nacional, regional e comunitário da escola, na qual o aluno está inserido com agente e paciente das suas circunstâncias existenciais.

ÓRGÃOS COLABORADORES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO SUPERIOR
Toda a diversificação institucional do sistema de ensino superior acaba gerando uma fragmentação e desorganização, e com isso tem propiciado a emergência de avaliações precisas, esse processo acaba sendo envolvido por organismos não-governamentais.
Enquanto as organizações que representam instituições de uma única categoria (pública ou privada) têm, como objetivo, reforçar a sua identidade e os seus interesses específicos, as outras (integradas por representantes de ambas às categorias) buscam a construção de estratégias e planos de ação que atendam aos interesses gerais dos seus associados.
Cito, para fim de registro alguns dos principais organismos não-governamentais que atuam em âmbito nacional com suas respectivas metas e que, de forma direta ou indireta, intervêm nos rumos da política do ensino superior, são:

CRUB – Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras
Órgão criado em 1966, é composto pelos Reitores das universidades brasileiras públicas e privadas reconhecidas pelo MEC. Fazem parte de sua organização dois membros de cada uma das seguintes associações: Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), Associação Brasileira de Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM), Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (ABRUC) e Associação Brasileira de Universidades Particulares (ANUP). Ente outros.

ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Instituições Superiores
A ABMES, diferentemente do CRUB, congrega atores de uma mesma espécie, é a representante das mantenedoras das instituições de ensino superior privadas. Fundada em 1982, congrega, hoje, 309 mantenedoras a ela filiadas, responsáveis pelo financiamento de 448 IES. Com representação no CRUB, no CNE e em comissões instituídas pelo MEC (Educação a distância e Fundo de Apoio ao Estudante) sua principal atuação é voltada para a realização de uma revisão jurídica das leis implementadas pelo MEC, principalmente aquelas dirigidas às IES privadas. A associação também promove vários seminários, debates e parcerias com órgãos governamentais visando à qualificação de docentes para o ensino superior.

ABRUC – Associação Brasileira das Universidades Comunitárias
A ABRUC foi criada em 1995 de um grupo antes inserido na Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas ou da Associação Nacional das Universidades Privadas congregando, 29 universidades comunitárias atualmente (11 laicas e 18 confessionais). Sua principal estratégia de é realçar sua identidade, enfatizar o diferencia as suas associadas das outras instituições de ensino superior, destacando o seu caráter social. Pretende, com isso, reclamar exclusivamente para as IES comunitárias, o total dos recursos públicos destinados às IES particulares. Além dessa demanda, a revitalização do crédito educativo e a ampliação da concepção de avaliação considerada pelo MEC são as outras questões fundamentais para essa associação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o trabalho verificou aspectos estruturais e de gestão que envolveu o surgimento da universidade brasileira e sua influencia direta no desenvolvimento do país por meio dos conhecimentos produzidos ao longo de aproximadamente dois séculos.
Proporcionou-se uma análise minuciosa da atual conjuntura, abrangendo sua forma de compor o sistema educacional e como se organiza as instituições tanto públicas quanto particulares.
Vê-se que a atual configuração universitária, não atinge as demandas do país no que diz respeito à formação de qualidade e até do próprio atendimento de vagas à população menos favorecida. Isso acaba por demonstrar fragilidades do sistema e a urgência de políticas públicas que se voltem para a resolução e ampliação das instituições, fazendo a expansão necessária.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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