Por Isaac Moura
No próximo dia 7 de outubro, nós brasileiros iremos às
urnas para eleger o chefe do executivo, renovar uma parcela do senado federal e
compor com ou sem renovação a câmara federal para a próxima legislatura (2019-2022).
Consideramos um momento único para o país dentro do processo democrático. A grande
corrida pelas cadeiras no novo parlamento traz até o eleitor uma série de
comportamentos a serem avaliados. Tenho a firme convicção que as propagandas
eleitorais não definem bem um candidato, mas como eleitores precisamos prezar
pela clareza de ideias e até pela forma como se tratam os oponentes.
O processo eleitoral no Brasil já dura cinco
séculos e, em pleno ano de 2018 fica as indagações se realmente não
aprenderemos a votar ou a desmistificar a insensibilidade em volta do voto e de
quem deve se candidatar.
É bom lembrar que o dia de elegermos nossos
representantes se aproxima a grandes passos e, é comum ouvirmos de eleitores
que “todo político é igual”; interessa-nos neste artigo chamar a sua atenção
para alguns conselhos importantes e que entendamos que o processo político é um
meio de Deus nos usar em prol do nosso bem-estar social e espiritual. Apesar de
importante a separação igreja-estado, precisamos olhar com sinceros ideais para
o sistema que à população manifestar quanto aos rumos de sua nação; aqui entra
em evidência a igreja como organização. Entre tantos anseios e atitudes
naturais desse período quero chamar a atenção de você, caro leitor cristão,
para alguns pontos importantes que definem nossa responsabilidade de cristão
nesse período eleitoral:
1. ORAÇÃO
O primeiro passo de um cristão comprometido
socialmente é viver em oração. A oração é o centro de qualquer proposta que um
cristão objetive alcançar um resultado satisfatório; certamente é um princípio essencial,
mas infelizmente pouco praticado. O texto de 2 Crônicas 7.14 diz nos que: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome,
se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos,
dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra”. Esse
texto basicamente busca envolver o homem dentro da visão espiritual da sua
redenção; no entanto, a funcionalidade do princípio da oração é fator
determinante na mudança dos cenários históricos de um povo conforme se atesta.
Se a oração em prol do processo eleitoral não faz
parte da nossa vida diária, isso revela também o desprestígio que damos ao bem-estar
da nação, pois, todo o bem ou mal-estar social perpassa pelo processo político.
Não adianta olhar a situação política e apenas reclamar ou criticar, é preciso
orar com clareza de objetivos. A oração nos conduzirá ao discernimento
espiritual das condições a que estamos nos submetendo. O apóstolo Paulo deixou
bem claro que a oração precisa preceder as nossas ações (Fp 4.6). Nesse
contexto a oração aparece como a ferramenta de orientação dos salvos. Nesse
processo eleitoral é dever cristão orar e pedir a orientação divina para a
escolha daqueles que irão comandar a nação pelos próximos 4 anos.
É importante o cristão entender que cada período de
transição é uma oportunidade que o diabo tenta edificar ou reorganizar seu
reino. Foi assim quando Samuel envelheceu e seus filhos não deram sequência de
maneira ordeira o santo ministério e os israelitas propuseram o levante de um
rei para si (I Sm 8.5). Esse rei, Saul, mais tarde se desvirtuou
espiritualmente da presença e trouxe sérias consequências toda a nação. Diante
do fato de ocupação de uma vaga no colégio apostólico, a oração foi posta em
evidencia afim de que não prevalecesse a vontade humana entre duas pessoas
candidatas (At 1.24).
2. CUIDADO COM OS FALSOS CRISTÃOS
Para ser
um bom representante político não basta ser cristão, não basta servir a Jesus,
precisa da capacidade para gestar as demandas na visão da legalidade pública. Infelizmente,
alguns candidatos impressionam por professarem ser cristãos, mas não estão qualificados
para um cargo no governo e, que veem na política um meio para sobreviver
desprezando o real conceito de bem comum social; apóstolo Paulo corroborou isso
quando afirmou que os que possuem tal perfil se enquadram, pois, “todos
buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus - Fp 2:21.
É necessário muita cautela com os nomes nesse
quesito. Não basta alguém ser cristão para governar uma cidade, estado ou país;
todo candidato precisa dominar o conhecimento, adquirir a capacidade além do
perfil técnico para desempenhar suas atribuições no cargo para o qual irá
atuar. O episódio de Ananias e Safira ilustra bem esta afirmativa, pois, sendo
cristãos, intentaram a investidura na promoção da própria imagem desconectada
da realidade. Eles mentiram para os homens, e esqueceram que esta ação atingia
diretamente a Deus.
Lembre-se que temos muitos falsos irmãos em nosso
meio desejando o proveito daquilo que é espiritual – At 8.18-20 como também
quem se utilize da boa-fé dos que não usam o discernimento do Espírito Santo –
1 Jo 4.1. Tomemos cuidado com aqueles que são cristãos nominais mas se excluem
da lista daqueles que são compromissados com Deus e com a igreja. Se não serve a Deus fielmente como crente não servirá como mandatário no poder público.
3. CONSIDERE O CARÁTER E A
COMPETÊNCIA DE SEU CANDIDATO
Para Deus
não há dicotomia quanto a caráter e competência. Uma coisa é você cantar, outra
é viver da música. Competência diz respeito a dominar a área em que se envolve.
É um desastre uma pessoa posta no lugar errado. A competência tem a ver com
conhecimento e domínio prático da situação. O que seria mais sensato: um
governante mau caráter mas competente ou um de bom caráter mas incompetente? A
resposta mais equilibrada é: nenhum dos dois! Temos de Deus a evidencia de que
a capacidade para liderar é divina sobre aqueles que ele chama para as mais diversas
funções.
No conselho dado a Moisés para a escolha dos
líderes do povo, seu sogro afirmou que as características destes líderes
deveriam incluir além da capacidade, o temor a Deus; tinham que ter referência
e experiência no trabalho. No contexto judeu e também cristão, o indivíduo que
assume um padrão moral e ético o faz a partir da compreensão de que há um Deus
soberano ao qual cada um deverá prestar contas um dia. No texto de Êxodo 18.21
lemos: Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos
de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil,
de cem, de cinquenta e de dez.
Ao escolher um candidato, não caia na armadilha de decidir
entre caráter ou competência. Não enverede pelo adágio do “rouba mas faz”; quem
segue os passos de um homem mal adquire as suas mesmas habilidades, o escritor
santo proferiu “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele
deleita-se no seu caminho” – Sl 37.23. Uma escolha assim é como decidir se você
prefere morrer de acidente de transito ou de uma queda de avião, o resultado será
o mesmo!
4. CONHEÇA O TESTEMUNHO DE VIDA
DO CANDIDATO.
O conhecimento do testemunho do candidato sequencia
o processo de discernimento; assim, não importa saber se o candidato roubou
muito ou pouco; o fato de ter roubado revela seu caráter e isso precisamos
considerar. O seu candidato já prometeu alguma coisa à sua comunidade e não
cumpriu? O crente deve opinar na escolha de servos de Deus ou na ausência deste
olhar para aqueles que mantém a postura de temor a Deus. Considerando que a
cada pleito a sociedade de grupos minoritários se fecham para elegerem seus
representantes é necessário não abrirmos mão de estarmos atentos aos servos de
Deus que podem legislar com diferença em favor de nossos ideais (da igreja e
não particular).
Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e
quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito. Lc 16,10. Deus deseja
que promovamos os homens pelo seu grau de fidelidade. Historicamente, a
corrupção é um câncer social, desde o descobrimento do Brasil que se tem
registro de negociatas e variadas formas da usurpação do público em detrimento
da boa vontade de se dá bem na situação; no entanto, isso não corrobora que
devemos acomodarmos às velhas práticas e, sim como cristão nos posicionar a fim
de reprovar toda e qualquer atitude que contrarie o princípio bíblico da
verdade e do bom procedimento.
Avalie
seu candidato, verifique se ele ou ela são marcados por um histórico de
corrupções ou se, pelo contrário, o que mais se sobressai é a ausência das
mesmas.
Sucedeu também um dia que, indo Eliseu a
Suném, havia ali uma mulher importante, a qual o reteve para comer pão; e
sucedeu que todas as vezes que passava por ali entrava para comer pão. E ela
disse a seu marido: Eis que tenho observado que este que sempre passa por nós é
um santo homem de Deus. 2 Reis 4:8,9. Que testemunho de integridade carrega
o candidato que você está decidindo votar?
O apóstolo Paulo descreve com muita precisão a
condição do cristão com relação a Cristo em todas as área da vida, quando em
Gálatas 2.20 corrobora que já não vivemos mais a nossa vontade mas a Deus “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo,
vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Aqui é
mister examinar questões como família, história da vida pública (se já tiver
assumido cargos públicos), princípios morais, ideologia de gênero, justiça
social, amparo dos desamparados entre outros fatores de vida. O poder não tem a
base de desvio de caráter mas traz a tendência salutar de revelar o caráter
daquele que recebe sua outorga. Perder o equilíbrio na escolha é uma situação
que pode culminar com o “abrir espaço para o diabo” – Ef 4.27. O poder é
outorgado, a autoridade é reconhecida.
Examinar a proposta dos candidatos quanto aos
valores cristãos ocupa uma posição estratégica no processo. A indagação: o meu
candidato defende as coisas que Deus aprova? As suas propostas concordam com
aquilo que Deus propõe a sua igreja? O
apóstolo Tiago escreve em sua carta, no capítulo 4, verso 4: Infiéis, não
compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser
ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus, portanto o processo eleitoral
é uma forma de exercer a cidadania terrena juntamente com a espiritual.
Por último, carece de cuidado com as ações partidaristas.
Propagandas e discursos que soam tão razoáveis e tão transformadores, mas que
ao mesmo tempo promovem causas que Deus odeia, nem tudo que é bom para o homem
é bom para a causa de Cristo. Não podemos sacrificar princípios cristãos para
ganhar a amizade com o mundo. Que Deus nos dê sabedoria para elegermos nossos
legisladores em 7 de outubro, ou outrossim no dia 28 quando é previsto a
votação em segundo turno. Graça e paz a todos!
ISAAC MOURA
Pastor Auxiliar na Assembleia de Deus em Mojuí dos Campos/PA
ISAAC MOURA
Pastor Auxiliar na Assembleia de Deus em Mojuí dos Campos/PA