Há exatos 59 dias para acontecer o primeiro turno das eleições federais de 2022
e, temos a humilde iniciativa de registrar alguns pensamentos baseados nas
escrituras sagradas e na vida sobre o processo eleitoral brasileiro a ser
definido nas urnas. Primeiro que o tema ‘Política’ é alvo de muita dispersão e
controvérsia para uma parte dos cristãos; segundo que a mesma temática faz parte
da vida de todo aquele que vive, e que vive de forma social conforme Deus nos
criou (Gn 2.18), embora o texto seja aplicado ao contexto do casamento podemos
ver a contextualização maior, pois, em nenhum contexto a política efervesce mais
que no seio familiar.
E este é o embrião social. Diante das duas pontuações, nos
perguntamos: o que a política significa para mim? Até que ponto eu como cristão
posso me envolver na política partidária (tendo em vista que não há outro meio
de manifestação política isolada de partidarismo)? Como tenho refletido os rumos
políticos da minha pátria? São reflexões salutares no processo eleitoral e, que
nenhum cidadão deve esquivar-se, a não ser que assuma sua falta de compromisso
social (escolher bem pelo voto).
Queiroz (2019) afirma:
Estamos vivendo um
momento em nossa história em que a política é mal vista em todos os ambientes,
ângulos e modos. Com o cristão não é diferente. De fato, diante de tantos
escândalos e exposições da corrupção dos políticos de muitas nações
(principalmente da nossa), isso não se torna uma surpresa. No entanto, essa
realidade pode ser um pouco proveniente de nossa ignorância, visto que,
precisamos compreender primeiramente que a política, em sua essência, não é má.
De modo geral, a política é uma ferramenta de organização social, de adaptação
de ordens, de leis e regras. É o modo de colocar as coisas em ordem de forma que
uma sociedade, uma família ou qualquer que seja a instituição, funcione
corretamente.
Disponível em: https://fhop.com/o-cristao-e-a-politica/
Após 490
anos desde que a primeira votação aconteceu em solo brasileiro, em 23 de janeiro
de 1532 na vila fundada na colônia portuguesa - São Vicente, em São Paulo nos
perguntamos: já aprendemos a votar, ou melhor, escolher nossos representantes?
Lembrando que o poder emana do povo, conforme frisa o Parágrafo único, do Art 1º
da CF/88. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente (...)”. Com esse prisma constitucional nos lembramos da
nação israelita, do ato de escolha do seu primeiro monarca, Saul (I Sm 8 – 10).
Leia com atenção a frase de Paulo, “não sejais ignorantes” (I Ts 4.13 “”).
No
caso de Israel percebemos duas coisas: 1) o desejo partiu de uma avaliação da
liderança menor de ter um rei possivelmente motivados pela massa popular, e que
fosse semelhante a outras nações na questão da estrutura política (I Sm 8.4 –
21); 2) ninguém sobe ao poder sozinho. O que se conclui é: avaliemos as
necessidades vitais da nossa vida e como nossos representantes sobem ao poder.
Isso define parte da controvérsia. Isso é importante porque ninguém assume o
comando sem que alguém o deseje. O reino de Israel foi algo desejado.
Em todo
processo de escolha há divisão de vontade. O povo nunca é unânime. Sabendo
disso, cabe ao cristão procurar definir seu voto não pelo as pesquisas dizem,
mas pelo perfil que conhece do seu candidato e do seu projeto político. Se
pergunta: o que ele fará pela sociedade se chegar ao poder? Não sigo a maioria,
devo seguir minha consciência e assumir os riscos dela. Seguir a maioria sem
refletir e assinar o atestado de negligência consigo mesmo – reflita!
Se
analisarmos o parecer de Paulo, no aspecto cristão devemos avaliar toda a atual
conjuntura que cerca o cenário nacional e alerta-nos quanto as intencionais
investidas do maligno por intermédio da política e finalmente seguir um mesmo
caminho, pois Irmãos, “em nome de nosso Senhor Jesus Cristo suplico a todos
vocês que concordem uns com os outros no que falam, para que não haja divisões
entre vocês, e, sim, que todos estejam unidos num só pensamento e num só
parecer.” (1 Co 1.10).
No Brasil, vivemos a polarização, que pode levar o país
ao fechamento de ideias sem a disposição ao diálogo; a falta de diálogo é o
maior veneno ao processo democrático. Nesse sentido, não se defende diálogo para
instituir aversão a um grupo, por menor que seja, mas que todos tenham direito e
respeito naquilo que acredita sem causar dano ao que pensa diferente. A política
não define a espiritualidade, mas o bem-estar espiritual, em muitos contextos é
fator preponderante no processo político, valendo lembrar que na questão
espiritual cada um responderá por si independente do que manifesta em sua vida.
Como cristão, é preciso pensar nas causas e nas ideias que defendemos, acima de
tudo, devemos lutar não para impormos nossas vontades sociais, mas viver a base
da fé cristã e lutar para que elas sejam respeitadas a qualquer custo. Deus não
obrigou nenhuma nação a aceitar Israel, mas puniu e punirá aquelas que não o
respeitarem. Se definirmos o que queremos, escolheremos nossos representantes
justamente de acordo com a nossa visão, se a sua visão é influenciada por sua
fé, certamente escolherá alguém que a ela esteja em comunhão.
Para finalizar, as
preces da cidadania perpassam pela clara definição de como as políticas são
elaboradas e os fins que as constituem. Dessa forma, se alude ao grau máximo de
riqueza, a liberdade de ir às urnas e depositar o voto – materializar sua
vontade, e junto dela, a definição da sua fé.
Ore, escolha e vote! Paz!